29 de janeiro de 2005

Onde estás?

…um olhar vazio e sem razão
aquele silêncio sem cor que me transborda
que me agarra sem perdão.
negar um abraço, um sorriso
negar um gesto, um olhar
aquela sombra macia e doce
que sempre te protegeu, te acolheu.
é fácil fugir sem olhar para trás
e deixar perdido no tempo
tudo aquilo que fomos!

(escrito em 2002)

27 de janeiro de 2005

Máscara


…um dia olhei profundamente para a essência da vida e reparei que o dia-a-dia, que tudo aquilo que nos envolve é um espelho daquilo que nós somos realmente…que quem cria imagens, fantasias, máscaras, não vive senão apenas num mundo artificial, que não tem acesso aos pequenos prazeres da vida, que são aqueles que podemos tocar sem nos magoarmos, que sentimos sem pensarmos…numa visão mais íntima da vida, sentir estas pequeninas coisas a vaguearem na nossa atmosfera e termos a oportunidade de “agarrar” uma ou outra…faz de nós pessoas especiais, porque além de termos a capacidade de as podermos sentir, conseguimos interiorizar e dar um significado válido para a sua existência…

...o carnaval está a chegar...é bom pensar o que são realmente as máscaras...



25 de janeiro de 2005

Medo de ver...

...às vezes temos medo de ver e apenas olhamos...medo que o desequilíbrio se instale e o equilíbrio não volte jamais a apoderar-se de nós...e, com isto, as coisas vão passando à nossa volta...e quando menos nos damos conta já estamos no limiar daquilo que não queríamos que acontecesse e estamos no fundo do fundo...quando a pessoa que está à nossa frente é límpida de erros, é pura de mentiras, é apenas transparente porque ama...o acreditar é perfeito e aí sim devemos ver e reparar, e não olhar...quando essa pessoa deixa de ser aquilo que era, verdadeira e honesta consigo mesmo, tendo nós a oportunidade de ter presenteado tal pureza de acções e valores, quando fica "cadastrada" nós transformamo-nos e aqui olhamos...e nunca mais voltamos a ver!


24 de janeiro de 2005

Um som inesquecível...

É para mim um pouco difícil transmitir aquele momento inesquecível...mas realmente foi algo diferente e que me marcou. Não foi um momento, foi um acontecimento na minha vida. Provavelmente não é um acontecimento dito normal para ser comparado a algo inesquecível mas, de facto, para mim teve esse estatuto, foi algo poderoso e que “suavizou” a minha essência. Resume-se a uma simples música, a um simples conjunto de acordes mas a um único som. A primeira vez que a ouvi...ela teve o poder de me fazer perder toda a noção do meu meio envolvente, preenchendo-me totalmente como se nada existisse senão apenas eu. Era de noite, um céu estrelado, um calor abrasador e estava eu a guiar... sozinha no meu carro quando de repente o som ocupou todo o espaço que me rodeava…é difícil descrever este som ténue e límpido que me fez captar sensações jamais sentidas. A sensação que tive pode ser exprimida desta forma: tudo parou, eu continuei a “caminhar” enquanto o som se tornava mais distinto, a vontade de fechar os olhos era cada vez maior, talvez para poder ver melhor as imagens que o meu cérebro enviava repentinamente, ao mesmo tempo que a imaginação ganhava poder e abraçava as imagens já retidas transformando-as de forma a adquirirem outro significado…não sei, não foi um sonho, não é poesia, foi o que de mais puro eu senti...foi mais do que um momento, foi sem dúvida um acontecimento porque teve lugar, tempo e conteúdo, não foi algo momentâneo, simplesmente aconteceu... aqueles dois minutinhos mudaram algo em mim, fizeram-me recordar, relembrar e essencialmente imaginar.
(escrito em 2003)
E na verdade quando revivo este pedaço da minha vida sei que a sensação parece não ter desaparecido.
É bom descobrir uma música assim...

23 de janeiro de 2005

Joanna Newsom


...simplesmente um encanto...uma delícia...se tiverem oportunidade deixem-se maravilhar por esta voz e este som vindo de uma arpa que tão bem a acompanha...ouçam com delicadeza...um som maduro com umas pinceladas de uma doce imaturidade.

22 de janeiro de 2005

Roupas 2


Jorge Cruz


faz um sorriso e anda cá
vem ver no que dá
põe e dispõe de mim
dança um pouco em silêncio
pergunta em que penso
põe e dispõe de mim
e diz ao sol que eu já vou
despreza o que eu dou
põe e dispõe de mim
leva-me as roupas de que gostes
mas nunca te mostres
põe e dispõe de mim
vá muda-me que eu só não mudo
acaba com tudo
põe e dispõe de mim
mas se um dia quiseres ter do teu lado
um corpo pisado
põe e dispõe de mim

21 de janeiro de 2005

outro dia...

...mais um dia, mais uma hora que passa, mais um minuto que se instala, mais um segundo que aparece...o sol continua a entrar de mansinho, continua a não pedir licença...não, não, hoje é dia de chuva, de temporal, de frio, de inverno...por que é que ele teima em entrar? por que é que não bate primeiro à porta e pergunta se é bem vindo?...

20 de janeiro de 2005

um dia infeliz...

...o sol não pede licença entra de mansinho para iluminar a escuridão do dia...mas o dia é negro...infeliz. faz-me acordar para uma realidade que não estou habituada, não há sorrisos, não há aquela paz de espírito que tanto falavas...não há nada...e só tenho vontade de beber um cházinho, vontade de acordar tarde, vontade de não pôr o telefone em silêncio, vontade de arrumar a roupa e tirar o borboto às peças que já têm rugas, vontade de jogar futebol e lidar com a bola como lidavas, vontade de ouvir música num tom bem alto, vontade de ver a quanto saca o emule, vontade de comer pipocas...aquele saco grande, vontade em não abrir a porta por medo que os bichinhos entrem, vontade de andar de bicicleta, vontade de acordar meia hora antes, vontade de fazer snooze durante uma hora, vontade de ver se vou ficar careca, vontade de estar bem disposta e parecer tolinha, vontade de ir ao mexicano, vontade de ler banana e chiclet, vontade de jogar FM, vontade para fazer transferências no hattrick, vontade de brincar com o Totti como só tu sabias fazer, vontade de fazer musculação, vontade de ver manga, vontade de cantar...e subir para falsete, vontade de ter um botão sempre desapertado, vontade de dar gargalhadas...e talvez porque assim não estou só.

18 de janeiro de 2005

e...

o amor, de dentro para fora, será sempre a solução (Jorge Cruz)...seguir este caminho é sem dúvida o princípio para a estrada da vida...

O começo...

...e que melhor forma de inaugurar o meu blog...com uma linda e simples frase de Jorge Cruz: ...põe e dispõe de mim... aqui no Código de Barras podem e devem deixar uma pincelada do que vos vai na alma...